A dor da sombra
- Jaya Devi
- 28 de set. de 2015
- 2 min de leitura

E vivemos a vida nos relacionando com imagens
Imagens que criamos sobre o que é o outro, sobre o que somos nós
Imagens do que é certo, do que é errado
Do que devemos fazer, de como devemos proceder
Imagens, apenas ilusões e miragens.
Como podemos ser verdadeiramente felizes e realmente amarmos uns aos outros se não sabemos quem somos nós e nem os outros.
Achamos que o outro é aquilo que pensamos sobre ele.
Você consegue perceber que aquilo que você pensa sobre uma pessoa, é apenas uma imagem? A sua leitura, vista através dos óculos da sua subjetividade?
O que você enxerga do outro depende da sua própria história pessoal e daquilo que você acredita ser.
Portanto, no final das contas, são imagens se relacionando com imagens.
Apenas personas, do latim, “máscaras”.
Não nos relacionamos verdadeiramente, como podemos amar o outro verdadeiramente?
Somos incapazes de nos reconhecer e de reconhecer o outro em sua verdade, em sua essência.
Em verdade, somos todos um grande mistério, impulso vital, manifestado em uma forma e personalidade com atributos e qualidades únicos.
É muita prepotência achar que conhecemos o outro, que sabemos quem ele é. O que fazemos é projetar nossos pensamentos sobre o outro e, muitas vezes, essa projeção acaba se manifestando em fatos, acabamos influenciando o outro a agir conforme nossas projeções. Quanto menos ele souber sobre quem ele realmente é, mais passível estará de sofrer dessas influências. Até o ponto em que ele realmente acredite que ele é aquilo que os outros pensam sobre ele. E aí, não há outra solução que não a loucura, pois a subjetividade é universo tão misterioso que, como podemos harmonizar todas as imagens que cada um tem sobre nós? E lutamos diariamente para montar esse quebra-cabeça na esperança de que alguma imagem apareça. Depois lutamos ainda mais para preservar essa imagem.
Se apenas pudéssemos reconhecer que tudo não passa de uma ilusão, ou melhor, um jogo de diversão. As peças desse quebra-cabeça podem até se encaixar, mas, elas estão sempre a mudar, pois tudo é impermanente. O que resta é só o presente, o ser, o amor e o vazio e nada do que pensamos sobre isso é o que isso realmente é.
Se apenas deixarmos ir toda e qualquer certeza, todo e qualquer esforço de ser alguém e apenas ser.
Há tanta vida nisso... a vida se manifesta, em totalidade, em todo o seu potencial, a expressão da energia vital, o amor, a essência da flor, o poder da morte, a glória e a sorte, a pureza da dor, a força e o vigor, o mais pleno prazer, o êxtase do ser.
Jaya Devi
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