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Radhastami - celebrando a mocinha Radha

  • Jaya Devi
  • 11 de set. de 2016
  • 3 min de leitura

No último dia 09 celebrou-se o aniversário de Srimate Radharani, mais conhecida como Radha. Radha é a expressão da devoção na forma do amor conjugal. Ela é a consorte de Krishna, popularmente conhecido como o Deus do amor. E porque Krishna é considerado o Deus do amor? Simplesmente porque de todos os Avatares - encarnações divinas ou divindades encarnadas conhecidas -, Krishna certamente foi aquele que expressou mais plenamente a totalidade de aspectos do amor conjugal. Os passatempos/estórias amorosas de Krishna, tal qual são descritos pelos poetas vaishnavas, é um bálsamo para os corações apaixonados, ou é uma espada que escancara, de uma vez por todas, os corações daqueles devotados ao amor. A relação amorosa de Krishna com as donzelas de Vrindavana é o supra-sumo da devoção, a descrição do mais supremo êxtase que pode ser experimentado quando amado e amante se unem na mais perfeita comunhão de almas. O estado no qual amado e amante são em si só plenos, perfeitos e unos, e, ao mesmo tempo desfrutam da sublime beleza que é se experimentarem como indivíduos, em uma divina dança de união e separação, unidade e dualidade. O mais glorioso louvor ao mistério da vida que é o amor!

Voltando à Radharani, de todas as donzelas de Vrindavana, Radha era a predileta de Krishna. O seu nome muitas vezes é traduzido como “longing” ou saudade, pois, o seu amor por Krishna era tão intenso que ela não conseguia ficar um minuto se quer sem pensar nele. Toda a sua atenção estava voltada para o desejo de estar com Krishna. Dessa forma, Radha representa a devoção pura na qual nada mais é tão importante quanto o desejo de união com o Supremo, representado aqui pelo bem-amado.

O Radhastami é comemorado no primeiro dia da lua crescente do mês de agosto para o mês de setembro. Assim, Radharani traz uma direta conexão com a lua crescente, a qual, por sua vez, é, em muitas culturas, associada com o arquétipo feminino da donzela ou da virgem. Diga-se de passagem, virgem no sentido original da palavra, do latim: virgo, de onde vem a palavra viril. Virgem se referia às mulheres independentes, que não eram casadas ou que não se submetiam a um homem.

Bem, Radharani era casada e a relação que ela tinha com Krishna era a relação de uma amante. O que isso representa é que Radha, ao mesmo tempo que cumpria com todos os seu deveres de mulher casada com gosto e serventia, tinha o seu coração totalmente devotado ao Divino. A relação de Radha e Krishna não deve ser vista como a relação comum entre dois amantes, mas, sim como a relação de total entrega e devoção da(o) amante ao(à) seu(ua) amado(a) mais íntimo e supremo.

É dito que, de todas as formas de relação, a relação conjugal é a mais completa, por ser a que nos possibilita acessar a maior diversidade de emoções/sensações e nuances de expressão do Ser. Dentro das relações conjugais, a relação conhecida como madhurya-rasa, o humor de amante, é considerada ainda mais plena.

Em nossa realidade, podemos reconhecer o quanto a relação conjugal e, especialmente a de amante, é atrativa e envolvente. Ao mesmo tempo, também é a mais delicada e exigente. Na visão não-dual, somos manifestações individuais da totalidade do Ser. Porém, enquanto estivermos atados à sensação/percepção de que somos indivíduos separados e, portanto, incompletos, e que, assim, precisamos de algo “externo” para nos completar, estamos fadados ao sofrimento - coloco “externo” entre parênteses porque, se na visão não dual, tudo o que existe é uma manifestação da mesma suprema consciência, não há dentro ou fora, porém, por externo me refiro aqui à outra pessoa ou à qualquer circunstância. Ou seja, quando a nossa plenitude está limitada à necessidade de uma outra pessoa ou de qualquer circunstância/condição/experiência. Ao vivenciamos a relação conjugal a partir dessa perspectiva de carência e transferirmos para essa relação a missão de nos trazer felicidade, o tamanho do sofrimento será proporcional à complexidade das emoções que são despertas por essa relação. Por isso, é tão importante, que, antes de nos aventurarmos em “estórias de amor”, cultivemos um bom ancoramento no transcendente, ou seja, no reconhecimento da totalidade que realmente somos, para além de todas as limitações de matéria, tempo e espaço. Só assim podemos ser como Radha, e vivenciar, com verdade, a beleza do amor conjugal em todos os seus aspectos e nuances.

Que o casal divino Radha-Krsna nos inspire e que essa inspiração ascenda o fogo da nossa devoção!

Que cada uma de nossas inspirações seja um canto de louvor à possibilidade de existir!

Que cada uma de nossas expirações seja um ato de entrega ao mistério da vida!

Jaya Radhe!

Hare Krishna!

 
 
 

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